“Que surpresa boa na minha caixa de correio. Minha Certidão de Nascimento brasileira. É mais uma etapa concluída na minha vida, e isso faz um bem louco”, comemorou a naviraiense Anne Alias Manoune, de 28 anos, que agora faz planos para conhecer a família biológica e sua terra natal em abril deste ano.
Adotada por uma família francesa com 12 dias de vida, Anne conseguiu localizar sua mãe biológica, Maria Aparecida Alves Soares, em Naviraí, depois de reportagem publicada pelo Lado B, do Campo Grande News, em dezembro de 2016. “Esse papel representa muito para mim, eu sou a criança de alguém”, disse ela, referindo-se ao registro de nascimento emitido por um cartório de Naviraí.
O desabafo com sensação de alívio, além do fato da descoberta da sua origem brasileira, tem a ver com a maratona de pesquisas que ela encarou no Google e nas redes sociais a partir de Paris, onde vive, ou seja, sem vir a Mato Grosso do Sul. E isso, mais que a distância de 9.543,18 km, sem saber falar nem escrever em português.
No Facebook, a “francesa” Anne conta que nem a frustração ao saber que seu ponto de partida, a clínica onde nasceu em 8 de junho de 1988, não existia mais em Naviraí, fez com que desistisse. Ao contrário, descobriu o nome e o endereço de E-mail do médico que fez o seu parto, e conquistou a ajuda dele nas pesquisas.
Com o título “Adotada com 12 dias de vida, francesa quer descobrir mãe biológica em Naviraí”, o Lado B do Campo Grande News tornou público a pesquisa de Anne em Mato Grosso do Sul. A matéria publicada às 8h24 do dia 15 de dezembro de 2016, teve até mesmo uma chamada com pedido de ajuda em suas pesquisas: “Quem tiver informações sobre o paradeiro da mãe biológica de Anne, entre em contato pelo Facebook”.
Na matéria, Anne revelou que “descobrir o paradeiro da mãe vai muito além de uma simples curiosidade”, e destacou a esperança de encontrar na genitora a resposta para construir uma vida melhor.
“Eu sei que minha história é diferente, que minha mãe não tinha condições de me criar. Eu sei também que ela teve dificuldade de me deixar. Quero lhe dizer que eu a perdoou, e que eu preciso conhecê-la. Saber com quem eu pareço, conhecer minhas irmãs”, contou Anne.
Novo Passaporte - De posse do registro de nascimento, sua missão agora é tirar seu novo Passaporte brasileiro com o nome atualizado. Em seu perfil no Facebook, Anne afirma que está tomando cuidado para não ter problemas de identificação na chegada ao Brasil.
“Celui avec lequel je suis arrivée retrouvé par ma mère française (Aquele com o qual eu cheguei foi encontrado pela minha mãe francesa)”, postou ela ao exibir a capa do Passaporte brasileiro que diz ser de quando foi levada para França, ainda bebê.