20/10/2015 12:06 - Fonte: TJ-AL
"Estou muito feliz e emocionado. A cerimônia de casamento é uma coisa diferente no mundo do preso, uma data que faz a gente refletir, muda nossa rotina e faz a gente querer uma nova vida", disse Jobson da Silva, de 35 anos, ao participar do casamento coletivo realizado, nesta sexta-feira (16), no Núcleo Ressocializador da Capital, dentro do Complexo Prisional de Alagoas.
A cerimônia, promovida pelo Poder Judiciário em parceria com a Secretaria da Ressocialização e Inclusão Social (Seris), oficializou a união de 256 detentos das diversas unidades prisionais do Estado.
O presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), desembargador Washington Luiz Damasceno Freitas, aproveitou a oportunidade para explicar a importância da família na vida dos detentos. "O Judiciário acredita na recuperação de vocês. Esse passo que estão dando hoje é decisivo para a vida de todos vocês. Lembro aos cônjuges que é fundamental que não se esqueçam de vir visitar seus companheiros neste momento em que eles mais precisam de apoio".
O desembargador Tutmés Airan de Albuquerque Melo falou sobre a vida difícil dentro das penitenciárias e também classificou o casamento como uma chance de recomeçar. "Esse é um momento de combate à solidão do cárcere. É uma oportunidade de reconstruir a vida ao lado de seus companheiros. Por mais difícil que seja a vida do lado de fora, todos vocês sabem que é melhor do que a vida na prisão", disse.
Preso desde os 18 anos de idade, Bruno Vitor Novais, hoje com 23 anos, oficializou sua união com Maria Solange Nunes da Silva, de 22 anos. Eles se conheciam há mais de cinco anos e há seis meses namoram. Bruno está terminando de cumprir sua pena e faz planos para um futuro próximo. "Termino de cumprir minha pena ainda neste mês. Quando sair daqui quero morar com ela, fazer faculdade, ter filhos e uma vida nova", contou.
José Félix Novais, pai de Bruno Vitor, emocionou-se com a oportunidade de participar do casamento do filho e falou da expectativa de vê-lo sair da penitenciária em breve. "Ver meu filho ser preso tão jovem foi muito triste. Estamos esperando ele voltar para casa logo e recomeçar a vida".
O casal Cristiane da Silva, 23 anos, e Jadson Tavares do Nascimento, 27 anos, tinham mais motivos para comemorar. Grávida de oito meses, a noiva vai poder contar com a presença do marido quando o bebê chegar, já que Jadson termina de cumprir pena em novembro. "Estou muito feliz porque estou com ela e com meu filho que vem por aí. Quando ele nascer eu vou poder cuidar e ajudar no que for preciso", disse Jadson.
A cerimônia foi conduzida pelo juiz titular da 8ª Vara Criminal da Capital, John Silas da Silva. O magistrado destacou a preocupação do Judiciário em promover cidadania. "Todo mundo tem direito de casar e ser feliz, então o Tribunal está proporcionando isso, juntamente com a Seris, para que os presos tenham o direito de poder casar e receber visita das suas esposas no dia da visita íntima", disse.
O secretário estadual de Ressocialização, coronel Marcos Sérgio, agradeceu o apoio do Judiciário em promover a cerimônia no sistema penitenciário pela terceira vez. "Essa ação proporciona dignidade e cidadania não só aos reeducandos, mas também aos seus familiares. O casamento dentro do sistema prisional é uma instituição fortíssima no tocante em que propicia estabilidade, segurança e também direito às visitas íntimas", informou.